domingo, 21 de agosto de 2011

Hemoglobina , produzida por plantas é possível ?

A planta do fumo, modificada em laboratório (por engenharia genética), é capaz de produzir hemoglobina, uma proteína das células vermelhas do sangue.
É essa proteína que capta o oxigênio nos pulmões e o distribui pelas demais parte do organismo humano. É ela que completa o trabalho da respiração.
"Conseguimos que a planta do fumo produzisse uma quantidade pequena de hemoglobina. Estamos testando outros tipos de vegetais, que possibilitem maiores colheitas da proteína", disse a pesquisadora Josée Pagnier, co-autora do experimento.
O trabalho de Pagnier, Michael Marden e equipe, do Instituto Nacional da Saúde e da Pesquisa Médica (Inserm) e da Universidade de Cézeaux, ambos da França, está sendo publicado na revista científica ‘’Nature’’.
A pesquisa francesa é parte de um esforço científico mundial para obter um substituto para o sangue humano natural. Isto é, um produto que possa ser obtido em larga escala, para dar fim à dependência de doadores e de bancos de sangue.
Alguns dos elementos do sangue, como a hemoglobina, já são utilizados na medicina. Atualmente, a hemoglobina necessária é retirada de estoques de sangue humano vencidos ou produzida em animais ou bactérias modificados em laboratório.
O problema da hemoglobina obtida desse modo é o risco de infecção (doenças seriam transmitidas junto com a proteína obtida) e a má qualidade do produto.
Os cientistas do Inserm e de Cézeaux decidiram então criar uma planta geneticamente modificada para produzir uma hemoglobina pura .

Receita de hemoglobina

A tecnologia básica para produzir uma planta ou animal modificado geneticamente se chama técnica do DNA recombinante ou engenharia genética. Esses seres modificados são chamados plantas ou animais transgênicos.
As proteínas, como a hemoglobina do sangue, são produzidas pelo organismo de acordo com as instruções contidas no DNA, uma fita em forma de espiral feita de genes. O DNA fica dentro de um cromossomo, o qual está localizado dentro do núcleo de todas as células da maioria dos seres vivos.
Para conseguir uma planta capaz de ‘’saber’’ fazer hemoglobina, é preciso colocar genes humanos dentro do organismo vegetal.
Mas, para realizar essa tarefa, é preciso ainda ‘’ensinar’’ o gene humano a se ligar aos genes da célula da planta.
As técnicas de engenharia genética permitem que se colem os genes humanos da hemoglobina a um gene vegetal, que ‘’sabe’’ se ligar ao material genético da planta. Esse composto é chamado gene recombinante.

Entenda a técnica utilizada


Para criar uma planta do fumo produtora de hemoglobina, os ‘’engenheiros genéticos’’ franceses procederam do seguinte modo.
Em primeiro lugar, eles separaram os genes humanos que fabricam a hemoglobina da cadeia de genes, o DNA. Eles cortaram esse pedaço do DNA com uma ‘’tesoura biológica’’ chamada enzima (um tipo de proteína). Cada uma dessas enzimas, as endonucleases de restrição, corta um pedaço específico do DNA.
Os cientistas também obtiveram, do mesmo modo, um gene com as instruções para produzir um componente da célula da ervilha. Esses dois pedaços de DNA, dois genes, foram colados, formando o DNA recombinante.
O gene da ervilha era necessário para fazer com que o gene humano ‘’soubesse’’ se colar ao material genético da planta do fumo. A pesquisadora Josée Pagnier, uma das autoras da experiência, explica que o gene da ervilha é tido como o mais eficiente nessa tarefa.
O problema seguinte era como colocar essa mistura de genes, o DNA recombinante, dentro da planta do fumo. ‘’Esse DNA precisava pegar uma ‘carona biológica’ para chegar às células do fumo’’, explica Pagnier.
Os pesquisadores então pegaram o DNA de uma bactéria, chamado plasmídio, o cortaram e, no local vazio, colaram o DNA recombinante. Esse plasmídio recombinante _mistura de genes humanos, de ervilha e de bactéria_ é colocado dentro de uma outra bactéria, a Agrobacterium tumefaciens. Ela ataca a planta do fumo, mas não causa doença no vegetal.
Essa bactéria é que dá a ‘’carona’’ aos genes misturados no plasmídio. Os cientistas, então, injetaram a Agrobacterium tumefaciens na planta do fumo.
O plasmídio tem a capacidade de se replicar sozinho. Se multiplicando, ele multiplica também os genes humanos colados a ele. Dentro da planta do fumo, ele sai da Agrobacterium, se integra ao material genético da planta e a ‘’ensina’’ a produzir hemoglobina. (FSP).



Um comentário: